segunda-feira, 22 de agosto de 2011

para reflexão


Boa tarde, meu nome é Cesar, e eu sou um pecador em recuperação!


Qual será sua real necessidade, e quem poderá auxiliá-lo?

Num dia não tão quente no Rio de Janeiro eu assistia uma reunião aberta de AA – Alcoólicos Anônimos. Fazia tempo que eu gostava de assistir aquelas reuniões ali e onde fosse possível. Isto porque fui percebendo ao longo do tempo que e como o poder de Deus se manifestava naquelas pessoas dramaticamente atingidas pelo alcoolismo. Eu ficava e fico maravilhado com aqueles depoimentos de vitória sobre a dependência química através dos Doze Passos! Faz-me ficar empolgado em Deus, em Sua graça!

A sala não estava cheia aquele dia, apesar de pequena. No total caberiam umas cinqüenta pessoas sentadas. As cadeiras bem arrumadas eram posicionadas com quatro em cada fila, à direita e à esquerda, com o corredor no meio. Um lado para fumantes e outro para não fumantes. Dois ventiladores de teto ajudavam a refrescar o ambiente e a dissipar a fumaça de eventuais tabagistas.

Os depoimentos ou partilhas, como costumam dizer os AA, eram apresentados. Isto significa que a pessoa vai à “cabeceira de mesa”, vai à frente de todos, postando-se geralmente ao lado da mesa onde um ou mais coordenadores da reunião ficam, e ali começa a falar em poucos minutos, partes da história de sua vida de alcoólatra em recuperação.

Geralmente, a pessoa inicia dizendo: “Boa tarde, meu nome é fulano (usando só o primeiro nome), sou um alcoólatra em recuperação.” E segue em seu depoimento. Daí você pode ouvir histórias fantásticas, envolvendo tragédias pessoais e familiares, seguidas de comentários sobre como a prática dos Doze Passos de AA tirou a pessoa do fundo do poço e da possível morte precoce devido ao beber compulsivo. Também escutamos relatos de toda a destruição social, familiar, moral, econômica, ética, espiritual produzida por este veneno – as bebidas alcoólicas.

Dentre as pessoas presentes naquela reunião, havia uma mulher, de uns 45 anos de idade, simples, aparência pobre e sem cultura. Confesso que quando ela pediu para falar e iniciou sua partilha, eu pensei, preconceituosamente, que não deveria sair algo bom. Errei. Ela deu um depoimento fantástico. Simples e fantástico, como costumam ser os depoimentos dos membros de AA que estão sóbrios.

Ela comentou que por vários anos andava pelas ruas como mendiga devido ao alcoolismo. Sua vida era estar alcoolizada. Não vivia. Só bebia. Andava fora da realidade, possuída pelo álcool. Não havia solução médica. Não havia saída humana e para ela o destino seria um dia ser achada em coma alcoólico ou morta talvez embaixo de algum viaduto, ou sob uma marquise de alguma loja, intoxicada pelo álcool. Mas de alguma forma ela chegou ao AA. Creio firmemente que a graça de Jesus a levou. E a manteve lá. E a salvou. Um dia de cada vez, só por hoje, e talvez para sempre.

Sabe o que ela disse em seu depoimento? Na simplicidade de uma pessoa inculta, mas cheia de força do Poder Superior – Deus como cada um O concebe, ela disse: “Não me perguntem como consegui parar de beber. Só sei que eu parei.” Para mim era mais um milagre genuíno do poder de Deus em pleno século XXI! Maravilha!

Isto me lembra a cura que Jesus fez naquele cego de nascença que deixou os “donos da igreja” furiosos porque invejavam Jesus mas não no sentido de querer Seu caráter. A beleza e eficácia da religião de Jesus – Sua própria graça transformadora – contrastavam com a malícia e impotência da religião ineficaz, formal e teórica deles.

Os judeus, raivosos e em negação rígida, atônitos com mais uma fantástica cura operada pelo Messias que eles queriam matar, mandou chamar os pais do jovem e o crivaram de perguntas a respeito da cegueira de seu filho da qual Jesus o havia recém curado, ameaçando-os de excomunhão. Depois, irritadíssimos, insistiam com o recém curado rapaz que lhes dissesse aquilo que eles já sabiam mas não queriam aceitar: que fora Jesus Cristo quem o havia curado da cegueira de nascença. Não era um truque. Não era uma tática de merchandising para vender algum plano de saúde, produto de laboratório farmacêutico, prótese, ou seja lá o que fosse. Era uma cura autêntica. Grátis. E ao ironicamente afirmarem que Jesus era pecador, e que, por isso, Deus não podia te-Lo ouvido e usado, recebeu a resposta do rapaz: “Se é pecador, não sei; uma coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo.” João 9:25.

Aquela simples mulher naquela simples sala iluminada espiritualmente, com palavras simples, mas cheias de graça, disse quase o mesmo: “Não me perguntem como parei de beber. Só sei que parei. Antes não tinha nenhuma luz em minha vida. Agora a tenho e não quero perder, só por hoje, um dia de cada vez.” Só faltou escutá-la dizer: “Um Homem chamado Jesus me curou!”

“A manifestação de poder divino que dera ao cego tanto a vista natural como a do espírito, deixara os fariseus em trevas ainda mais densas. Alguns de Seus ouvintes, sentindo que as palavras de Cristo se aplicavam a eles, indagaram: "Também nós somos cegos?”Jesus respondeu: "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece." João 9:40 e 41. Se Deus vos tivesse tornado impossível ver a verdade, vossa ignorância não envolveria nenhuma culpa. "Mas... agora dizeis: Vemos." Julgais-vos capazes de ver, e rejeitais os meios mediante os quais, unicamente, poderíeis receber a vista. A todos quantos compreendiam sua necessidade, Cristo viera com ilimitado auxílio. Mas os fariseus não confessavam necessidade alguma; recusavam-se a ir a Cristo, e por isso foram deixados em cegueira - uma cegueira de que eles próprios eram culpados. Jesus disse: "Vosso pecado permanece."” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p.475, Casa Publicadora Brasileira).

Vamos reler a seguinte frase do texto acima: “A todos quantos compreendiam sua necessidade, Cristo viera com ilimitado auxílio.” É tudo o que eu preciso! Um dia de cada vez. Uma hora de cada vez. Um momento de cada vez. Para não cair de novo ou numa nova coisa por causa de meu caráter ainda contaminado. Porque, “Meu nome é Cesar, e sou um pecador em recuperação!”.

Creio que a religião prática de Jesus pode ser vista diariamente nas salas de Alcoólicos Anônimos, assim como de outros grupos de ajuda mútua que utilizam o programa dos Doze Passos. Para mim é como um “culto” maravilhoso assistir a uma reunião daquelas! O silêncio, o espírito de aceitação e não julgamento, a amizade desinteressada, o trabalho voluntário movido pela gratidão devido a sobriedade alcançada um dia de cada vez, vinda do “Poder Superior”, faz daquelas reuniões um verdadeiro momento de culto ao Deus Criador e Restaurador de vidas humanas, deixando muitos dos cultos de igrejas cristãs, sem reverência e poder espiritual, para trás!

O que me anima em Jesus é Seu caráter de aceitação de mim, pecador, e o maravilhoso privilégio de poder ser recebedor, imerecido, de Sua graça transformadora, um dia de cada vez, porque a graça é como o maná que caía do Céu no deserto (nossa caminhada aqui nessa vida): vem segundo o necessário para cada dia. A graça recebida ontem não serve para hoje, não garante a vitória hoje. E a de hoje não estabelece vitória para amanhã. Hoje eu preciso da graça de hoje. Posso ter a plenitude dela ou não. Preciso de sobriedade, vinda de meu Poder Superior, o Deus Criador dos céus e da terra e de tudo o que neles há. Sem esta graça eu caio, de novo.

Sinto que o que eu mais mereço é a minha grande necessidade de cura divina. “A graça é um atributo de Deus, exercido para com as indignas criaturas humanas. Não a buscamos, porém ela foi enviada a procurar-nos. Deus Se regozija de conceder-nos Sua graça, não porque somos dignos, mas porque somos tão completamente indignos. Nosso único direito a Sua misericórdia é nossa grande necessidade.”. (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p.161, Casa Publicadora Brasileira).

A religião de Jesus é esta graça fabulosa que podemos ver diariamente nas reuniões de AA e em corações de pessoas neste vasto mundo que, finalmente, recorrem ao único Poder Superior restaurador existente que para mim é o Deus da Bíblia. “Quando a alma se rende inteiramente a Cristo, novo poder toma posse do coração. Opera-se uma mudança que o homem não pode absolutamente operar por si mesmo. É uma obra sobrenatural introduzindo um sobrenatural elemento na natureza humana.” (O Desejado de Todas as Nações, 324). “Naqueles que a possuem, a religião de Cristo revelar-se-á um princípio vitalizante e penetrante, uma energia viva, operante e espiritual. Manifestar-se-ão a força, o frescor e a alegria da juventude perpétua.” (Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p.130, Casa Publicadora Brasileira).

É este Poder Superior, este “sobrenatural elemento” que dá sentido à vida, opera vitórias espirituais, gera alegria, produz serenidade, satisfação e realiza a cura que precisamos. Um dia de cada vez, uma coisa de cada vez.

Boa tarde, meu nome é Cesar, sou um pecador em recuperação, lavado pelo sangue de Jesus, que me purifica de todo pecado e me mantém em Sua graça para eu não recair. Uma coisa eu sei, é que antes eu não enxergava muita coisa, que agora vejo. E quero ver mais, da Luz que ilumina a todo o ser humano que vem ao mundo. (João 1:9). Quero receber mais desta graça, cada dia, cada momento, porque preciso e porque quero a fim dEle me dar o poder de ser feito filho de Deus, porque Ele me tem feito crer em Seu nome. (João 1:12).

Admitindo que era impotente diante de minha natureza pecaminosa, vim a acreditar que um Poder Superior a mim mesmo poderia me devolver à sanidade física, mental e espiritual, e tomei a decisão de entregar minha vontade e minha vida aos cuidados de Deus, como O concebo, que para mim é o Senhor Jesus Cristo, o Deus Criador. Só por hoje quero crescer na graça. Um dia de cada vez.


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